Afinal, como começar e por onde começar?

No mercado atual, e já faz algum tempinho que é assim, a pessoa que atua como profissional multimídia torna-se, ainda que por algum tempo, o(a) “faz tudo”. E isso é bom ou ruim? Fui ensinado na faculdade onde me formei a responder quase sempre “depende”. Portanto, depende!

Existe uma percepção no mercado – e quando digo mercado me refiro às pessoas ou representantes de empresas que nos contratam – de que as coisas são simples e que um projeto ou trabalho pode e deve ser feito por uma só pessoa. Sem dúvida, pensar assim otimiza os custos, não acha?

Por muito tempo, mesmo após ter concluído minha graduação como Analista de Sistemas para Internet, acreditava que eu deveria saber e fazer tudo. No mercado pulverizado e ultra competitivo, essa era uma forma de sobrevivência. Afinal, como um freelancer ou profissional individual conseguiria competir contra agências de comunicação ou profissionais renomados? A resposta para isso é ou ao menos foi aprender o máximo de coisas e fazer tudo sozinho. Algumas vezes, aprender enquanto fazia. Por um lado, isso foi muito bom para minha capacitação pessoal – como disse, era uma questão de sobrevivência; trabalhava para pagar as contas e promover algum lazer pessoal –. Por outro era muito ruim, pois não conseguia pensar, nem me estruturar como empresa ou empresário. Isto é, organizar meu negócio, separar o que era custo, remuneração, investimento e lucro. Nesse sentido, mês feliz era o mês com todas as contas pagas.

Quando foi que a minha ficha caiu?

Em 2017 a empresa Google realizou, na Arena Fonte Nova, em Salvador, um evento  voltado ao Marketing Digital como grande área do conhecimento. As inscrições foram gratuitas e em dias diferentes o evento foi destinado a segmentos diferentes de públicos, dentre esses, jornalistas e público comum do qual participei. O evento também serviu para divulgar e promover suas ferramentas/produtos, ou seja, o mercado estava aquecendo nessa área e a Google não poderia abrir espaço para que outras empresas com suas ferramentas tirassem sua hegemonia de mercado. 

E qual foi a estratégia adotada pela Google?

Primeiro foi demonstrar um pouco sobre cada atuação profissional para conscientizar as pessoas, profissionais usuários sobre as diversas subáreas do Marketing Digital. Para jornalistas, sobretudo quem trabalha para um veículo de comunicação, essa separação quase sempre está consolidada; jornalista faz a reportagem, editor pensa a diagramação das páginas e seleciona as pautas com matérias prontas ou ainda por serem construídas, mas sempre de olho nos anunciantes. Sim, a matéria de um(a) jornalista pode ou não figurar numa página de jornal impresso se houver ou não anunciante. Apesar de não ser minha profissão, por algum tempo convivi com uma pessoa, cuja profissão é Jornalismo e trabalhou para os principais veículos de comunicação impresso de Salvador. Algumas de suas matérias ficaram engavetadas e até foram aproveitadas noutra oportunidade por falta de espaço na página (categoria da informação) ou tiveram que ser complementadas para preencher as lacunas de anunciantes. Essa é a lógica da Comunicação em qualquer plataforma (TV, impresso, Digital). 

Também tem a equipe de designers, na cobertura tem fotógrafo(a), cinegrafista, etc. Mas quando a Internet se popularizou e os veículos de comunicação começaram a fazer grandes cortes de pessoal, reestruturação e nova logística para se manterem ativos, pagar as contas e gerar lucros a porca torceu o rabo. Nesse momento muita gente que conseguiu se manter no cargo precisou ser multifacetado e fazer várias funções. Da própria maquiagem à reportagem (investigação da matéria), cobertura (fotografia e, a depender do veículo, cobertura com um celular), até a edição final da matéria. E claro que isso não foi aceito pela maioria e o sindicato esboçou resistência, mas com jovens , nato digitais, cada vez mais dominando o conhecimento das tecnologias e plataformas digitais, a ameaça constitutiva do Capitalismo era iminente.

E para nós, que não estávamos do lado de lá da produção da informação, mas do lado de cá, disputando views e cliques, o que a Google nos ensinou?